martes, mayo 22, 2007

EN BRASIL SE CONOCE NUESTRA LUCHA

Eliana Raszewski, Bloomberg, de Buenos AiresArgentina
Falta infra-estrutura para manter boom imobiliário na cidadeBuenos Aires está colocando um freio no setor de construção civil, após um boom de quatro anos que sobrecarregou os serviços de abastecimento de água, energia elétrica e esgoto -e que levou a população da cidade a protestar contra a destruição de seus "barrios".
A Prefeitura de Buenos Aires adotou uma moratória para a concessão de novos alvarás de construção para seis regiões da cidade, na tentativa de impedir que as incorporadoras, estimuladas pela disparada dos preços dos imóveis, coloquem abaixo casas de dois andares para construir prédios."Eles bagunçaram o tempo que ainda me resta de vida", disse Mario Oybin, 57, cujo jardim cheio de flores, churrasqueira e sala de estar com teto de vidro ficarão à sombra de um prédio de dez andares que está sendo construído no terreno vizinho à sua casa. "O planejamento da região não pode ficar nas mãos da especulação imobiliária".O boom no setor de construção civil portenho vem ajudando no crescimento da economia argentina (que alcançou mais de 8%), e aumentou o nível de emprego num momento em que o país se recuperava de uma recessão, que se encerrou em 2002. Mas o ritmo da expansão imobiliária não foi acompanhado pelas fornecedoras de água e energia elétrica, disse Leonardo Chialva, economista da Delphos Investment, empresa de pesquisa econômica de Buenos Aires."Houve uma falta de investimento em infra-estrutura, que não acompanhou o boom da construção", disse Chialva. "Em áreas onde havia casas, agora há prédios - mas as tubulações de água e de esgoto continuam as mesmas".A concessão de alvarás de construção em Buenos Aires cresceu 31% de janeiro a setembro de 2006, em relação ao mesmo período de 2005, enquanto a área construída aumentou 43%, segundo a Câmara Imobiliária da Argentina.As autoridades municipais aMardam relatórios das concessionárias de serviços públicos, entre elas as distribuidoras de eletricidade Edenor e Edesur e a estatal Agua & Saneamientos Argentinos, sobre como essas empresas pretendem reagir ao aumento da demanda, disse Silvia Mercado, porta-voz da Secretaria de Obras Públicas e Planejamento da cidade.Buenos Aires, que tem 3 milhões de habitantes, também está realizando consultas junto a associações de moradores. "Estamos trabalhando com a população local para alcançarmos um consenso sobre um plano de desenvolvimento urbano", disse Mercado.A Edenor, a maior distribuidora de energia elétrica da Argentina, e a Edesur, divisão da espanhola Endesa, registraram apagões em algumas regiões de Buenos Aires no início de dezembro, quando as altas temperaturas fizeram com que o consumo de energia elétrica atingisse seu recorde, informaram as empresas em comunicados.Chialva disse que as concessionárias de serviços públicos aumentariam os investimentos para expandir suas redes caso o governo lhes permitisse elevar as tarifas cobradas dos consumidores, que estão congeladas desde 2002.A Câmara Imobiliária da Argentina e a Câmara de Construção da Argentina disseram que o crescimento do setor de construção vai desacelerar a menos que a moratória para a concessão de alvarás seja suspensa. Mas é possível que a Prefeitura de Buenos Aires prorrogue a proibição de concessão de alvarás, que deveria durar 90 dias e foi imposta em novembro passado.Os incorporadores provavelmente devem adiar seus investimentos, temendo que outras cidades tomem medidas parecidas, afirma Carlos Sotelo, 67, vice-presidente da Câmara Imobiliária.Fernando Lago, presidente da comissão de obras públicas da Câmara de Construção, disse que todos os novos prédios na cidade estão de acordo com as leis em vigor. "Todas as questões relativas a planejamento urbano que estão sendo discutidas não têm nada a ver conosco", disse Lago, 57. "Se o problema é a falta de infra-estrutura, que causa problemas para a garantia de saneamento e energia, então é necessário investir em obras públicas, mas a construção privada não pode parar. Isso seria como banir a indústria automobilística porque há muitos carros nas ruas."Na casa de Mario Oybin, no bairro de Caballito, só um pouquinho de água sai da torneira da pia da cozinha. "Esse é o nível de água que tenho na minha cozinha e no meu banheiro desde o ano passado. Não erá' assim antes do boom de construção", disse. "Eu tenho de tomar banho depois da meia-noite, quando a demanda por água é menor". Nos últimos meses, Oybin e seus vizinhos vêm fazendo protestos, bloqueando as ruas principais do bairro e distribuindo panfletos sobre as consequências negativas das novas construções.

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