miércoles, diciembre 13, 2006

Y EN BRASIL TAMBIEN NOS ESCUCHAN!

12 de dezembro de 2006.-
Buenos Aires protesta contra os arranha-céus

Descontentes com a multiplicação de torres em bairros de casas térreas, moradores de Buenos Aires exigem um freio na construção descontrolada que pode causar um colapso nos serviços de água e esgoto, além de deixar a cidade sem espaços verdes. O epicentro da crise é o central bairro Caballito, onde foram construídos, entre janeiro e agosto, 15,4% do total de edifícios novos, apesar de o bairro ocupar apenas 3% da superfície total da capital argentina. Por outro lado, em 14 bairros da zona sul, que somam uma superfície 11 vezes maior, somente 3% foi destinada às novas construções.
"Querem nos esmagar sob o concreto", protestou ao Terramérica Gustavo Desplats, líder da Proto Comuna Caballito, que reúne mais de 20 entidades do bairro e integra a mais ampla Rede Verde Cidadã. O movimento surgiu em junho, com uma manifestação de 40 habitantes de Caballito, e este mês foi realizado o 15º protesto, ao qual se somaram milhares de moradores de diferentes bairros. Os moradores convocam para barulhaços em diferentes esquinas, caminhadas usando máscaras contra a poluição ou colocação de faixas de isolamento em volta das torres que estão sendo construídas em pleno bairro residencial. Agora, a reclamação é pelo desequilíbrio no desenvolvimento urbano, por considerarem que falta um plano estratégico.
Também argumentam que as normas existentes são ultrapassadas e que os investidores tomam decisões sem se importar se vão construir em uma área de casas térreas ou onde a infra-estrutura é inadequada. "É uma dinâmica que rompe o tecido social, gerando guetos em bairros com edifícios de luxo e a expulsão da classe média, o que gera um processo de marginalização", denunciou Desplats. Para deter o descontrole, exigem a paralisação das obras e a criação de um órgão governamental que coordene o crescimento de todo o núcleo urbano com participação dos habitantes. "Se o Estado não intervir, a diferença de crescimento entre bairros será cada vez maior", acrescentou.
Dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos indicam que na cidade de Buenos Aires vivem 2,7 milhões de pessoas. Se for considerada sua área metropolitana, esse número chega a 12 milhões. Entre janeiro e outubro deste ano, os pedidos de autorização para construção feitos ao governo municipal aumentaram 48% em relação a igual período de 2005. Estes indicadores de crescimento estão em alta desde a crise econômica, no começo de 2002, quando a construção começou a ser uma alternativa segura de investimento. A vereadora Beatriz Baltroc, da oficialista Frente para a Vitória, disse ao Terramérica que "há um crescimento desordenado" e propôs uma regulamentação mais rígida para as edificações.
"Somos um dos bairros de Buenos Aires com maior poluição ambiental e sonora, e também somos os que recebemos mais investimentos imobiliários", afirmou Desplats. Isto se deve à sua localização estratégica no centro da cidade, mas o bairro não está preparado para essa avalanche. Na capital da Argentina vivem 15 mil pessoas por quilômetro quadrado. Em Caballito, são 28 mil por quilômetro quadrado, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 20 mil pessoas por quilômetro quadrado. Quanto aos espaços verdes, embora a OMS sugira de 11 a 15 metros quadrados por habitante, em Caballito há apenas 1,3 por pessoa.
O bairro opera com serviços de água e esgoto construídos, em 1911, para uma área de fazendas onde viviam 25 mil pessoas. Agora, tem 190 mil habitantes, e com as novas torres que estão sendo construídas se prepara para receber mais 40 mil, antes do final de 2008. São múltiplas as reclamações dos moradores, por falta de pressão da água ou por porões inundados pelo esgoto. O movimento de moradores conseguiu impacto em novembro, quando a Justiça aceitou um pedido de amparo para deter a construção de torres em 16 quarteirões até que um estudo garanta que os serviços públicos não entrarão em colapso. Um decreto municipal paralisou por 90 dias a entrega de autorizações de construção nos seis bairros de crescimento mais acelerado de Buenos Aires. As construtoras reclamaram, e os moradores foram além.
O advogado Osvaldo Sidoli, da Rede Verde Cidadã e responsável pelo recurso que suspendeu a construção, informou ao Terramérica que já foi apresentado outro para paralisar obras em outras partes de Caballito, uma no bairro Villa Pueyrredón e duas em Palermo. "Não queremos o fim das construções (das torres erguidas sobre mais de 2,5 quilômetros quadrados), mas que haja audiências públicas com moradores, como manda a lei, e que sejam feitos os estudos de impacto ambiental", ressaltou Sidoli. "Há construtoras que no mesmo quarteirão levantam duas torres em 1,25 quilômetros cada uma, para evitar cumprir esses requisitos", acrescentou.

Fonte: Terramérica

Ver: http://www.une.org.br/home3/gerais/m_6605.html

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